Neste segundo artigo, gostaria de tratar sobre algumas das músicas que compõem a série e sobre alguns nomes que influenciaram na escolha, por exemplo, dos nomes dos vilões do anime/mangá. Para quem acompanha Bleach desde seu início, notar as aproximações com a cultura mexicana não é difícil, entretanto, raramente nos dispomos a analisar as mesmas e menos usuais ainda, há a procura por entender sua contribuição.
No caso inicial das músicas. Disponibilizamos aqui no blog algumas das músicas referentes à última temporada produzida (até hoje 22 de novembro de 2010), para que nossos interlocutores pudessem ver as nítidas influências na área. Toques de violão mesclados com outros instrumentos tipicamente mexicanos dão um toque a mais ao lado dos vilões, que sempre em suas aparições ou duelos, usam e abusam do ritmo compassado das violas mexicanas.
Comparadas à quantidade de músicas na série, são de fato poucas as com um toque mais mexicano, entretanto, são belíssimas as contribuições presentes na série. Geralmente usadas para demonstrar a superioridade ou a força de um oponente.
Outro aspecto importante de se lembrar são os nomes empregados na série. No anime/mangá, muitos dos nomes usados pra criação dos personagens, tem bases ou mexicanas ou japonesas, mas em sua maioria (no caso dos vilões) usam nomes de personalidades do México misturadas com nomes japoneses.
Exemplo:
Barragan Luisenbarn – Personagem cujo nome foi inspirado no arquiteto mexicano Luís Barragán.
Os vilões da série ainda possuem uma segunda forma, que costumam levar nomes em espanhol (ou castelhano), conhecidas na série como “Resurrección”. O uso aqui das expressões em espanhol e/ou castelhano, são bem marcantes, pois o autor mescla no próprio conceito, elementos de duas culturas para formar o lado antagonista da história, dando aos vilões aspectos da morte em seus nomes, para ilustrar, pegamos informações de um site especializado no assunto, e eis a listagem dos nomes e seus significados:
A influência mexicana é nítida em alguns casos, como o citado acima de um dos personagens que possui o nome de um arquiteto mexicano bastante famoso. Outro aspecto que chama atenção na série, é a criação de dois espaços antagônicos, um que remeteria ao céu e um que remeteria ao limbo, ambos com conceitos cristãos.
O céu, conhecido na Série como Sociedade das Almas (tradução brasileira), cuja hierarquia é altamente embasada na sociedade feudal japonesa. Constituída de guerreiros altamente treinados trajando Quimonos cuja missão seria trazer o equilíbrio ao mundo humano onde as pessoas comuns viveriam. Nesta sociedade hierarquizada, altamente organizada em divisões de batalha, se assemelha em muito ao contexto japonês anterior à Era Meiji, onde o governo do Japão era formado por um Shogunato baseado na premissa militar de comando, em outras palavras, um Alto General que comandava o país com o auxílio de um conselho de sábios aristocratas, que para os fãs da série Bleach, soará bastante familiar.
A outra parte da moeda deveria, pela lógica, ser o inferno, mas não em Bleach. O Inferno na série existe, mas possui outra função. Hueco Mundo vem do espanhol e significa mundo oco ou mundo vazio, literalmente. Se tomarmos como base a religiosidade predominante no México, veremos que sua base é católica na maioria, e estes elementos são altamente presentes.
Um lugar desértico onde reina a noite eterna banhada pela lua em quarto crescente, tem muitas características do Limbo idealizado por cristãos do século XIII, onde inclusive viveriam os espíritos nas culturas ameríndias mexicanas. A aproximação ai se dá por ser um lugar inóspito, sem qualquer condição de vida, estando entre o céu (Sociedade das Almas) e o mundo dos Vivos, sendo habitado por espíritos malignos cujo intento é saciar sua vontade de preencher o vazio.